Crítica: Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil


por Roberta Gregoli

Apesar de não ser nem se pretender acadêmico, o livro de Leandro Narloch se dispõe a popularizar as pesquisas acadêmicas históricas das últimas décadas. O resultado foi um fenômeno editorial merecedor de comentário crítico, ficando mais de 40 semanas entre os mais vendidos e a venda de mais de 200 mil exemplares. Além da divulgação da revisitação histórica ocorrida nas últimas décadas constituir uma ideia interessante (e, como se provou, lucrativa), o livro apresenta um estilo envolvente e abre discussões estimulantes. Apesar de não ser um livro sobre gênero, uma crítica feminista rende observações interessantes.

O primeiro ponto que chama a atenção no livro é o título, que à primeira vista parece impreciso, ou pelo menos índice de um entendimento superficial da noção de politicamente correto. A proposição de desmitificar figuras e acontecimentos históricos a que o livro se propõe pouco tem a ver com a ideia de politicamente correto. Dizer que Zumbi tinha escravos, um dos pontos mais comentados do livro segundo o autor, não é politicamente correto ou incorreto – é historicamente correto ou não.

O que o autor chama de politicamente incorreto vem fazer vulto a discussões recentes que defendem, de maneira sensacionalista, que o politicamente correto tolhe a liberdade de expressão. O que os proclamadores do politicamente incorreto não fazem é problematizar o fato de que instâncias de expressão individual, como discursos homofóbicos, racistas, machistas ou de incitação ao ódio, ferem o que é social e legalmente aceito.

O que o autor chama de politicamente incorreto se alinha, então, com alguns exemplos de figuras públicas, no mínimo, controversas, como o caso da apologia ao estupro feita pelo comediante Rafael Bastos, a piada antissemita de Danilo Gentili, ou o deputado Jair Bolsonaro, que mais de uma vez fez comentários abertamente homofóbicos e racistas, para citar somente alguns casos de maior destaque no ano de 2011.

Talvez essa não seja a intenção do autor, que parece se espantar quando seu livro é citado pelos que são contra o feriado da Consciência Negra (explicado em ‘Quem disse que sou contra Zumbi?’). Ele afirma que o livro foi feito “para irritar aqueles que usam a história como instrumento político”. Esses dois exemplos mostram que o autor ignora, conscientemente ou por ingenuidade, uma das primeiras lições do feminismo: que não existe posicionamento apolítico. Narloch defende que a configuração maniqueísta de personagens e acontecimentos históricos entre bem e mal, bandido e vilão, é uma divisão posterior, que envolve apropriações por grupos diversos, mas o autor parece ingenuamente desatento à apropriação à qual seu próprio livro mais facilmente se presta.

Nas palavras do autor do artigo intitulado ‘Politicamente fascista’: “O rótulo “politicamente incorreto” acaba sendo uma forma eufemística, bem-educada e aceitável (isto é, politicamente correta) de se dizer reacionário, direitista, fascistoide.” Para quem acha que essa é uma definição exagerada, veja algumas máximas do livro de Narloch : “quem lê esses pronunciamentos [dos ministros que aprovaram o AI-5] hoje fica com a impressão de que 1968 foi uma desordem assustadora. É verdade”, “quem hoje se considera índio poderia deixar de culpar os outros por seus problemas” ou “Viva o Brasil capitalista”.

O problema não são os fatos em si (se os índios colaboraram com os portugueses ou se Zumbi tinha ou não escravos), mas a forma como esses fatos são dispostos e interpretados, como quando o autor tenta provar que a ditadura brasileira foi “branda” (pp. 324-325). Se houve mais ou menos mortes no Brasil do que em outros países é uma questão, outra é dar a esse número um adjetivo que expressa um julgamento. O adjetivo, além de ser inevitavelmente conivente, não leva em consideração outras consequências da ditadura militar, como o padrão de quebra nos direitos humanos que até hoje mata mais de mil civis no estado do Rio de Janeiro. Outro exemplo é a conclusão de que “a guerrilha provocou o endurecimento do regime militar”. Sem entrar no mérito (ou desmérito) da luta armada, a visão parece se alinhar com os que chamaram os motins de Londres da “revolta do iPad”, ou seja, tão reducionista e ideológica quanto a dos “esquerdistas” que o autor tenta derrubar.

Os silenciamentos do autor são também reveladores. Apesar de caracterizar em detalhes D. Pedro I e D. Pedro II e discorrer sobre a independência do Brasil, um outro tema das atuais revisitações históricas do período imperial em nenhum momento é mencionado: o papel fundamental da Imperatriz Leopoldina no processo de independência. Outro exemplo relacionado às mulheres demonstra o desconhecimento de Narloch da noção de politicamente correto: o uso da palavra ‘homem’ para designar ‘humanidade’ é considerada sexista em diversos países. Na Inglaterra (que o autor exalta no capítulo ‘Negros’), há tempos é senso comum que o uso de 'homem' em sentido genérico exclui pelo menos 50% dos sujeitos históricos.

No entanto, o livro inadvertidamente provê recursos interessantes para o debate feminista. O capítulo ‘Escritores’, que desmistifica alguns dos grandes nomes da literatura brasileira, por exemplo, fornece alguns argumentos pertinentes para a desestabilização dos cânones (que invariavelmente excluem as mulheres), nesse caso o literário.

É claro que a problematização e revisitação de personagens e acontecimentos históricos não só é possível como bem-vinda. Mas isso teria que ser feito com alguém com muito mais sensibilidade do que Narloch.

Em debate na Festa Literária Internacional de Pernambuco, em 14/01/2011, o autor defende a revista Veja nos seguintes termos:

“Um amigo que mora em Brasília me contou que toda sexta-feira à noite, quando a Veja entra no ar na internet, há um alvoroço na capital, para se saber qual é o próximo ministro que vai cair. Não concordo 100% com a Veja, a acho muito ranzinza, muito adjetivo e pouco substantivo, mas prefiro uma revista que incomode governantes do que uma que não incomode, como a Carta Capital, que só tem anúncios do governo.”

Pouco mais de um mês mais tarde, a revista Carta Capital protagonizou o que se configura como uma revolução na mídia brasileira ao noticiar o livro Privataria Tucana perante o completo silêncio das grandes mídias, dentre as quais a revista Veja. Desde então as coisas só pioraram para a Veja, agora com seu envolvimento com Carlos Cachoeira. A afirmação de Narloch, além de ser, no mínimo, irônica, é prova de seu alinhamento político.

Ainda que o debate promovido pelo livro seja estimulante e a popularização de estudos acadêmicos atuais seja interessante e necessária, mais garantido é ler os estudos nos quais ele se baseia – ou esperar que outra pessoa os popularize de maneira mais politicamente correta.

Referência: NARLOCH, Leandro. Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil. 2a edição, revista e ampliada. São Paulo: Leya, 2011. 367 páginas.


55 comentários:

  1. Esse livro é muito ruim, tenta oficializar os clichês da mídia parasitaria.

    Pego como exemplo a historia de Luis Carlos Prestes, onde escondeu que ele foi chamado para ser o líder militar do golpe do Getúlio.(fez elogio ao golpe).
    Todos que sabe um pouco sobre partido comunista, na esfera do leninismo(e ainda na época do stalinismo), Prestes não era o secretario geral do PCB em 35, logo devia acatar o Comitê Central, e também vivia em extrema clandestinidade, assim sendo como ele poderia saber, planejar e liderar a revolta?
    Prestes não era um especialista em bomba, como ele poderia instalar a bomba no cofre (hoje sabemos que quem fez isso, era espião da Inglaterra).
    Se Olga queria abandona-lo, por que não fez, e ainda teve uma filha com ele, sendo ela uma grande mulher de atitude, que não ficava ouvindo homem...

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    1. Acho que você não leu o livro, pois em nenhum momento ele diz que Prestes era especialista em bombas. Também, não diz que Olga queria abandoná-lo, aliás afirma após consultar o jornalista William Waack, que Prestes era quem sempre dava ouvidos a Olga.
      Você deve ter lido alguma critica igual dessa babaca que fez essa, que relaciona dois humoristas com um cenário politico histórico do Brasil, lamentável

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    2. Acho que você não leu o livro.

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    3. Acho que você não leu o livro, pois em nenhum momento ele diz que Prestes era especialista em bombas. Também, não diz que Olga queria abandoná-lo, aliás afirma após consultar o jornalista William Waack, que Prestes era quem sempre dava ouvidos a Olga.
      Você deve ter lido alguma critica igual dessa babaca que fez essa, que relaciona dois humoristas com um cenário politico histórico do Brasil, lamentável

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  2. O livro tem seus defeitos e não deve ser tomado como A verdade. Porém, ele tem seus prós, pode ser usado como meio de encontrar uma material diferenciado ou polêmico, como o caso da inexistência de Aleijadinho. O livro pode ser ponto de partida para alguém que deseja se aprofundar nesses temas, usando a bibliografia do livro para ir mais a fundo e tirar suas próprias conclusões.

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    1. Oi, Ricardo, sim, acho que o livro é um ponto de partida interessante para algumas discussões, desde que feitas de maneira crítica. Tem o exemplo do cânone, que cito no texto. O capítulo sobre a ditadura militar é uma ótima ilustração do argumento reacionário que defende que o que houve no Brasil em 1964 não foi golpe militar e sim revolução. Só acharia complicado sugerir que comprem o livro porque, no geral, tem mais contras do que prós.

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  3. Qual o problema do Narloch ter um alinhamento político? Pelo seu artigo também é possível saber o seu...

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    1. A pergunta me parece já ter sido respondida no próprio texto, mas vamos lá: é ingenuidade acreditar que existe posicionamento apolítico. Em outras palavras, a crítica não é pelo fato do livro *ter* um posicionamento político, já que toda história, toda mídia e mesmo o humor, como temos visto aqui no blog, tem um alinhamento político, expresso ou não. Meu texto foi um exercício para revelar o alinhamento de Narloch, que critica a apropriação da história pelos "esquerdistas" sem se dar conta (ou conscientemente camuflando) a própria inclinação ideológica. Eu em nenhum momento escondo o meu próprio alinhamento político - afinal, este é um blog feminista.

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  4. superficial demais. tenho 60 anos e vivi, bem como senti na pele muitos dos assuntos e fatos politicos abordados no livro. parece crianca discutindo assunto de adulto. serve pra quem nunca estudou ou se envolveu em fatos historicos. o autor precisa estudar e pesquisar mais...

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    1. Pois numa discussão 'adulta', critica-se ideias e argumentos, não A autorA pessoalmente. Se quiser sair você da superficialidade e especificar os fatos políticos que sentiu "na pele", podemos construir alguma discussão aqui.

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    2. Vai curtir a aposentadoria vovô! você já esta com o pê na cova, foram os vermes como você que apoiaram o golpe militar, foram os vermes como você que apoiaram os torturadores, ladrões, assassinos e estupradores da ditadura. Eu creio que a discussão é de adulto mesmo, mas não para velhos com Alzheimer como você.

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    3. Será que o vovô não se referia ao autor do livro como criança discutindo assunto de adultos?

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  5. Muito bom e muito bem escrito! O livro é ruim mesmo.

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  6. Roberta, eu creio que o anônimo estava criticando o livro, não você...

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    1. Relendo agora, realmente está ambíguo e você pode estar certo, Diogo. É que temos recebido tantos comentários abusivos ultimamente que já foi no modo automático... Sinto muito pela confusão!

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  7. Em fim uma critica sobre o título de um livro. Uma perda de tempo sem duvida. Não interesa o título ou se são pagos pela CIA ou prefera a VEJA, tem que discutir é o conteúdo.

    Ao final, Décio Freitas inventou ou não dados sobre Zumbi?. Que dicen os textos escolares sobre este tema?.

    Esse fato historico provavelmente o outro "anonimo" não presencio e conhece tão superficalmente que nem sabe quem diabos é Décio Freitas.

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  8. Este é o livro com mais hipótese que eu ja lì!
    Nao é um livro que eu indico como referência.

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  9. Olha acho que lemos livros diferentes.... Rsrsrz. Respeito as opinões de todos aqui (acho que na maioria dizendo que o livro é ruim). Talvez o pessoal prefira o livro do Bispo Macedo. Fato ainda não o li por inteiro, mas vou percorrendo suas páginas com cada vez mais empolgação. Já li outros livros sobre história do Brasil e esse é mais um que recomendo. Vou me resumir a parte que li, sobre Indios e q Escravidão. Acho q a crítica acima essa sim silencia os comentários do autor, que elogia os negros a as mulheres "forras", que fala do Indio como um personagem ativo e bastante inteligente à época. O autor não defende a escravidão, apenas apresenta-a como algo comum a sociedade da época e basicamente ligada a situação economica mundial. Nem vou comentar sobre os Indios pq é a mesma ideia. As conclusões sobre o discurso de direita ou esquerda não estão no livro. Acho q a necessidade de rotular e simplificar está aqui fora, sou de direita ou sou de esquerda? Bom ou mau? Hum se pensarem bem esse é o tema que ele quer provocar o pensamento e questionamento.... Viva o politicamente correto que permite que livros como esse existam!!! Abs

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  10. ...este livro é um LIXO!
    Quer reescrever a historia com a pena do Vencedor! Revisionismo puro.
    Boicote!!!!!

    zK.

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  11. O livro é excelente! Uma das melhores contribuições para fazer cair por terra clichês e mentiras!!!!

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    1. O livro é excelente...só que não. Naroloch é o típico jornalista metido a crítico historiográfico, se apropria dos trabalhos de outros historiadores, os distorce e os toma como seus. Pública como verdadeiras descobertas do "grande Narloch", "salvador da memória e das fontes", se não fosse o próprio a descobrir, por exemplo, que Zumbi tinha escravos, o mundo estaria na escuridão e na ignorância, cultuando uma mentira. Tenha a Santa paciência!!! Retirar documentos de arquivos públicos e privados, pesquisar em museus NÃO SIGNIFICA DESCOBRIR FONTES, se algo está em um arquivo ou museu obviamente já foi lido e tombado. Falo agora diretamente a você Leonardo Rocha, não sei qual é a sua formação, espero que não seja um historiador, mas acho que tu deveria filtrar mais as coisas que lê e afirma. Tu não pode tomar como verdade UM livro e afirmar que o restante é mentira, se tua pretensão é alcançar uma verdade histórica, basear teus argumentos em um livro escrito por um jornalista, não é um bom começo.

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  12. Deixando de lado o livro em si, me parece que o problema é o conceito de Politicamente Correto estar bastante distorcido, e o de Politicamente Incorreto, baseado nessa distorção, só piora as coisas. Como diz a Roberta, virou eufemismo para posturas cujo verdadeiro nome se prefere evitar.

    Mas em parte isso é merecido, pois uma dessas distorções originais é resultante de uma factual negação da realidade que se supõe benevolente, como por exemplo a de afirmar que TODAS as diferenças entre homens e mulheres são COMPLETAMENTE construídas socialmente. Essa ilusão cai por terra diante de qualquer exame minimamente atento, mas parece inconveniente dizê-lo.

    Resultado: o Politicamente Incorreto acaba de apropriando de verdades inconvenientes.

    Em suma, o problema é o Determinismo Cultural
    http://www.evo.bio.br/LAYOUT/PsicologiaEvolutiva.html

    Já passou da hora de transcender essas distorções. A questão não é ser politicamente correto ou incorreto, mas sim ser Corretamente Político.

    Marcus Valerio XR
    xr.pro.br/default.html

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  13. O livro tem referências bibliográficas.

    O seu artigo não.


    Qual será mais confiável?

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    1. Bom, aí é preciso discutir a forma como essas referências são utilizadas, o fato delas aparecerem no livro não significa veracidade e nem confiabilidade. Muitos autores como Narloch, se apropriam de referencias bibliográficas como verdades incontestáveis para deixar o seu trabalho com uma cara mais "correta", o que nada adiciona no conteúdo e legitimidade de sua obra. Narloch se propõe a contestar a história engessada mas ao mesmo tempo engessa as fontes que utiliza (quando não as distorce ou as aplica fora de seus contextos), fazendo das palavras dele as ultimas a encerrar o assunto.

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    2. Exemplo.

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  14. O livro é ótimo e sua incrível aceitação só pode provar uma entre duas possibilidades: ou o povo todo está tão leigo sobre a história de sua nação a ponto de aceitar qualquer absurdo ou então Narloch realmente sabe do que está falando. Por conhecer a elite manipuladora do Brasil, eu fico com a segunda opção.

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    1. A Veja tem um milhão de assinantes, BBB e Domingão do Faustão são campeões de audiência... Quem dera ibope fosse índice de qualidade.

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    2. como tem coxinha que gosta de engolir bosta, esse livro e outros do gênero (Ponde, Kamel) são merda para esses coprofilos que estão ávidos por uma merda fácil de ler e que se alinhe a seu racismo e preconceito velado, essa classe coxinha me enoja.

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  15. Estou gostando do livro, nos faz analisar com outros olhos tudo o que a historia nos conta, sendo verdade ou não faz exercitar a desconfiaça do que nos foi repassado nas escola, a ideia que nos foi plantada atraves dos tempos. Aqui estamos comentando sobre a publicação, acho que tem certas pessoas que deveriam medir as palavras ao comentar o assunto, se não concordam, tudo bem, esplanem sua discordancia, nao precisam baixar o nivel, porque na democracia que vivemos ha espaço para todos terem sua definição do que certo e do é errado, o que pode ser certo para um, outros podem discordar, mas sem ofensas por favor.

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  16. Acredito que o que trouxe mais incômodo é o fato do jornalista usar o passado para criticar o presente. Brasileiro trata política igual time de futebol, o que dificulta as coisas.

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  17. Acredito que o que trouxe mais incômodo é o fato do jornalista usar o passado para criticar o presente. Brasileiro trata política igual time de futebol, o que dificulta as coisas.

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  18. O que causa conffusão aos leitores é a assimilação deste "guia" com o trabalho do Historiador.
    Sim o autor faz criticas e se utiliza de historiadores renomados e uma escrita didática para fundamentar seus argumentos, contudo na academia esse tipo de trabalho tem pouca importancia no carater intelectual, visto que ele não executa a etica do trabalho do Historiador.
    Segundo Marc Bloch em Apologia da Hsitória ou Oficio do Historiador, deixa claro que o autor deve criticar a duvidar sempre da fonte e da sua bibliografia, visto que a não existe verdade absoluta e que cada um ao escrever não isenta seus interesses do material produzido. Desse modo, para o HISTORIADOR a critica é essencial, não existe achismo nem determinismo, o historiador encontra uma problemática e busca em meios a fontes e bibliografias fundamentar sua tese.
    Por essa razão este "guia" é incorreto e causa temor por ser tão dissiminado assim, enquanto os trabalhos academicos, por seu grau de dificuldade estão ficando reservados a esse pequeno grupo da Academia.
    QUer conhecer a História do Brasil, então leia
    Sergio Buarque de Holanda
    Gilberto Freyre
    Caio Prado junior
    Capistrano de Abreu
    Silva Romero
    José Murilo de Carvalho
    Maria Odila Leite da Silva Dias
    István Jancsó
    Carlos Guilherme Mota

    e varios outros, é dificil mas ao menos as diretrizes historigraficas foram seguidas, não encontra nesses trabalhos achismos ou determinismos, como nesse guia.
    Boa leitura


    Sou Aluna do 7º Semestre em História pela Universidade Federal de São Paulo.- UNIFESP.

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    1. "Sou Aluna do 7º Semestre em História pela Universidade Federal de São Paulo.- UNIFESP"
      Credenciais são insignificantes, um diploma é só um pedaço de papel glorificado. O autor não seguiu a "ética do Historiador" por um motivo razoável. Ele é jornalista, não historiador, e não esconde isso em momento algum. Devemos ter senso crítico ao ler qualquer coisa, seja seu comentário, Gilberto Freyre ou o próprio Narloch. A autora talvez esteja correta (acontecimento que, suspeito eu, é raro) quando afirma que é raro que visões ideológicas e posicionamentos políticos em nossas mentes não se derramem naquilo que produzimos. Categorizar e rotular as pessoas é confortável, mas é geralmente uma má ideia. Apóio a legalização de todas as substâncias conhecidas, mas isso não me transforma em "esquerda". Apoio o parlamentarismo, dentre outros motivos, porque ele reduz o poder das massas, que, salvo à raríssima exceção, são compostas por completos e totais idiotas. Sou a favor de medidas sociais, sou contra a estatização e contra a glorificação. Sou a favor de liberdade religiosa e contra a isenção de impostos ou "bancadas" de igrejas. Sou a favor da liberdade sexual, sou contra ódio cego a homens, mulheres, negros ou brancos. Não sou rotulável, cuspo na cara desta falsa dicotomia que os radicais políticos pregam incessantemente.
      Sou, acima de tudo, contra a idiotice, como a de Jair Bolsonaro ou da autora, que consegue ser ainda mais tendenciosa em sua crítica de três parágrafos do que Narloch teve oportunidade de ser em 350 páginas.

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  19. http://politicaesexo.blogspot.com.br/2011/04/politicamente-correto.html

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  20. Politicamente correto é uma linguagem neutra termos de discriminação e de termos que podem ser ofensivos para uma minoria – ou maioria – que se toma como injustiçada pelo senso comum.
    O politicamente correto seria até bom se servisse realmente para isso, ele falha a partir do momento em que essas questionáveis minorias tomam para si o direito de serem inimputáveis e incriticáveis pelo senso comum, uma vez que se fazem de vítimas o tempo todo e se acham no direito de criticar os outros grupos tidos como “opressores” sem que nenhuma critica seja feita aos primeiros.

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  21. Uma das piores críticas literárias que já li. Não concordo que o autor seja apolítico também, mas o fato de ele apontar uma outra visão, que às vezes nos passa despercebido é, no mínimo, completamente louvável. É só pensar que o historiador mais conhecido hoje é Hobsbawn, marxista convicto, que enxerga tudo através das lentes bem embaçadas da ''''luta de classes''''. O feminismo também é muito assim, maniqueísta, com a luta de sexos. É pavoroso e deprimente, sou mulher, educada, e nunca passei por nenhuma situação em que fosse desrespeitada por ser mulher. Vocês, feministas, só vêem através de sua perspectiva, e nada mais.

    Não acredito que a direita seja reacionária, no sentido que vocês, da esquerda, empregam o termo. Existem dois fatos: a esquerda comunista que lutava contra a ditadura queriam outra ditadura, só que do proletariado, isso está mais do que comprovado. O outro fato é que, realmente, a ditadura não fez esse estrago todo, em número de mortes. Gente, isso é verdade. O que o autor não faz, em momento algum, é a defesa da ditadura - já que todas, todas são indefensáveis.

    Apesar de vocês terem tentado - com pouco êxito - defender um pouquinho o trabalho do jornalista (muito bem feito, por sinal, com bibliografias extensas), querem puxar pro outro lado. É simplesmente ridícula a parte em que o autor fala sobre a Veja. Em nenhum momento ele a defendeu, apenas apontou um lado que para ele é positivo, já que ela não é braço intelectual do PT, como a famigerada Carta Capital.

    Infelizmente, vocês - esquerda como um todo - não conseguem reconhecer pontos positivos em mais nada que não seja a doutrinação incapacitante do comunismo. Ninguém merece esse papinho furado de minorias oprimidas, quando isso não acontece com esse terror todo. As mulheres hoje detonam no mercado de trabalho, somos mais educadas, e se, não recebemos o mesmo que os homens, é porque somos diferentes, engravidamos! As mulheres que abdicam disso não tem problemas. São opções da vida, todos nós temos de fazê-las.

    Cansei desse chororô todo, vamos evoluir, fazer nosso trabalho, estudar e tocar a bola pra frente. Lutando contra as discriminações, sim, mas sem exigir demais num mundo imperfeito. As coisas não acontecem da noite pro dia e as leis e políticas públicas não são fadinhas com varinhas de condão. Tudo é um processo.

    Pessoalmente, acredito que quem fica procurando qualquer coisinha para denunciar, falar que é politicamente incorreto, é pior do que quem faz humor. Viva a liberdade de expressão, inclusive para isso que acabei de ler, só não sejam fascistas (ditadura de esquerda, por sinal) a ponto de querer que todos pensem como vocês.

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  22. Acho o livro muito interessante pois, ninguém tem a verdade. Muito menos o Narloch, mas alguém tinha que "cutucar" as mentiras que nos fazerm engolir na vida estudantil. Para mim esse é a maior riqueza do livro. Ou alguém aí quer insistir na inocência dos índios na colonização? Ou no mito Aleijadinho? Ou no heroi Tiradentes. Sou músico e apreciei muito sua descrição sobre a origem do samba. Somos um país pobre de herois e gostamos de nos pegar a qualquer um que apareça. Enfim, ele pode ser politicamente incorreto, ou correto, sexista, ou não, racista, ou não, pouco me importa quem ele é. Mas gostei de ver alguém, com embasamento científico e histórico, criticar as mentiras que nos fazem engolir por tanto tempo. E sobre ditadura, converse com um italiano, ou um alemão, aí vocês verão o que foi ditadura militar.

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  23. Esse livrinho é uma piada de mau gosto. Olha onde o escrito trabalha!

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  24. Sou estudante de História e estou lendo o livro. Uma coisa que aprendi é que não existe uma verdade absoluta para qualquer fato histórico, primeiro pq é passado, segundo pq é analisado com muita distância da sua época e cada historiador tem uma visão sobre o mesmo fato, o mesmo ocorrer com as fontes, cada uma irá contar/pintar/cantar de uma forma diferente. O livro não deve ser tomado como verdade absoluta e sim como uma fonte de hipóteses que devem ser discutidas e estudadas por novos historiadores mais a fundo. A História é uma fonte inesgotável.

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    1. Acho que vc inverteu alguma coisa no seu texto...

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  25. Sou estudante de História e estou lendo o livro. Temos que ter noção de que não existe verdade absoluta quando um fato histórico é contado, primeiro porque aconteceu no passado, segundo porque ele é contado longe de seu período histórico, terceiro cada historiador tem uma visão diferente sobre um mesmo fato, muitas vezes ligadas a sua própria ideologia que o faz tomar certo caminho em suas análises. O mesmo acontece com as fontes que foram usadas. O livro não deve ser tomado como verdade absoluta e sim como uma possibilidade de levantar mais hipóteses que dever ser estudadas. A História é uma fonte inesgotável de estudos historiográficos.

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  26. Tive a mesma impressão do autor deste blog. O livro poderia ter sido escrito com maior sensibilidade

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  27. Eu tenho todos os livros dessa coleção. É lógico que os textos apresentados não servem para referencia acadêmica ou muito menos são tidas como verdades absolutas. No entanto, as referencias bibliográficas contidas nos livros podem ser tranquilamente um passo para quem quer ir mais a fundo em suas pesquisas e tirar suas próprias conclusões.
    É lastimável rotular o trabalho do autor com palavras pejorativas, como se a intenção fosse ferir verbalmente quem escreveu e quem leu ou pretende ler os livros, o que remete a ideia de que o sujeito criticador tem ampla habilidade a fazer um material de superior valor.
    Assim como apreciei o livro, também apreciei sua crítica.

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  28. Sobre escravidão entre os negros não é mentira! pois a escravidão não foi fruto dos Europeus,ela é muito antiga,os próprios muçulmanos tiveram escravos brancos,os judeus tiveram,os Romanos,os Gregos,e
    se visitarmos a ÁFRICA há governos que maltrata o povo,os escraviza,os explora,fazem qualquer sujeira
    pra se enriquecer,não pode jogar a culpa somente nos europeus.

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  29. Estou lendo o livro e concordo que ele, assim como vários outros, peque em vários pontos, como a falta do debate com as ideias de historiadores "célebres", como Caio Prado Júnior e Sérgio Buarque de Hollanda . Porém, a obra não se pretende por uma revisão da história nacional, pondo abaixo tudo que foi construído por diversos autores que têm outra visão, já que ao criticar os historiadores "militantes" da esquerda, Narloch diz, na introdução da obra, que seu livro tem como objetivo fazer uma "provocação" a um bom número de cidadãos. Além disso a autora do texto do site demonstra um maniqueísmo infantil ao sugerir, usando de uma clara falácia, que Narloch não deva ser levado a sério na problematização de personagens e acontecimentos históricos justificando isso porque o escritor prefere a Veja à Carta Capital, ou seja: argumento ad hominem, em que não importa o que alguém diz sobre determinado assunto, pois suas posições sobre outras coisas o fazem perder sua total credibilidade. As escolhas e gostos de uma pessoa não fazem de seu discurso válido ou inválido. É ridículo eu dizer, por exemplo, que o evolucionismo não passa de uma grande bobagem porque Darwin ia à igreja. Então, cara autora, explique os motivos de Narloch não ter sensibilidade para problematizar personagens e acontecimentos se baseando no que ele disse sobre eles, não por ler revista A ou B.

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  30. O livro é bom . sei que muitos esquerdistas criticam , mais essa é uma forma de ouvir os dois lados , pois nos que nascemos nesse século onde não temos referencia de direita , podemos enfim ver o outro lado da história . também concordo com o autor ficamos 10 anos estudando e ouvindo o lado daqueles que se consideram heróis , mais para termos uma ampla opinião devemos ouvir o outro lado , ou melhor dizendo , daqueles que consideramos os monstros da historia do pais.

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  31. O livro é bom . sei que muitos esquerdistas criticam , mais essa é uma forma de ouvir os dois lados , pois nos que nascemos nesse século onde não temos referencia de direita , podemos enfim ver o outro lado da história . também concordo com o autor ficamos 10 anos estudando e ouvindo o lado daqueles que se consideram heróis , mais para termos uma ampla opinião devemos ouvir o outro lado , ou melhor dizendo , daqueles que consideramos os monstros da historia do pais.

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  32. Excelente! Está na hora de bater de frente com a "ditadura do politicamente correto".

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  33. É um livro muito bom! Quem critica é Pq infelizmente não conhece a história! Está acostumado com os livros dados pela escola.

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    1. O livro é interessante, oferece novas ideias, questionamentos, tem referências, enfim um bom trabalho. No entanto, como foi lembrado acima, em algum momento, academicamente é de pouca valia, porque o autor não é necessariamente um historiador e ele mesmo sabe disso. Portanto seria interessante sempre confrontar qualquer livro com outros historiadores como Caio Prado, Sergio Buarque, entre outros também já citados. De fato, a população no geral gosta de linguagem simples, sem muito rodeios, o que faz do livro de Narloch muito mais consumível, diferente de um texto de livro histórico que segue uma historiografia, que precisa ser mais tradicional. O que não se pode é sair por ai alardeando como muitoos o fazem nos comentários, que esse livro desmistifica a história contada nas salas de aula, como se, a partir do livro de Narloch, outra história tivesse sido descoberta. Nada mais distante.

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