Crise e oportunidade

por Roberta Gregoli


Hoje estou lutando com um capítulo da tese, então, infelizmente, não vou conseguir travar outra luta vã com um texto aqui no blog. Mas, para não passar batido, aproveito da minha pesquisa uma citação que vem bem a calhar tendo em vista os recentes comentários de nossos novos fãs masculinistas.

Como a proeminente Tania Modleski já dizia há mais de uma década, esses comentários:

[...] confirmam minha própria convicção de que, por mais que a subjetividade masculina esteja "em crise", como muitas feministas otimistas [e homens que se sentem lesados] agora declaram, temos que considerar até que ponto o poder masculino não é, na verdade, consolidado através de ciclos de crise e resolução, por meio dos quais os homens, em última instância, lidam com a ameaça do poder das mulheres incorporando-o.

Como sabe qualquer economista, crises são também oportunidades. Para os que já têm o capital, claro, não para os que estão na extremidade inferior da escala.

No contexto de gênero, proclamar uma grande crise é uma forma de se manter no poder, negando o próprio privilégio, negando a legitimidade da demanda do outro por poder e, consequentemente, reforçando e reinventando mecanismos de dominação.

Isso não quer dizer que os homens não sejam oprimidos pelo patriarcado, mas, bom, para desmantelar o patriarcado nós já temos o feminismo...

É nisso que dá tentar reinventar a roda

Referência:
Modleski, Tania. Feminism Without Women: Culture and Criticism in a "Postfeminist" Age. New York and London: Routledge, 1991. Minha tradução.


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