Guest Post: Feminismo não é coisa de mulher

por Nanni Rios

Eu sou feminista, mas não espalha. Me dedico a combater preconceitos e todo tipo de discriminação, que, em geral, têm origem justamente nos rótulos que insistem em colar na nossa testa, como se fosse necessário nos classificar para, então, guardar-nos em caixas, gavetas ou armários devidamente identificados.

Tudo isso pra dizer que eu e meus ideiais não cabemos numa gaveta, numa caixa ou muito menos num armário e que para dar às mulheres o valor que elas têm, não é preciso amaldiçoar os homens. Feminismo radical dói tanto quando machismo enraizado. E antes que me atirem pedras, explico: de nada adianta cultivar a ideia de que homens são inimigos, pois isso é a raiz do mal, puro sexismo. Generalizar e etiquetar os homens só pelo que eles têm de diferente é fazer o mesmo que eles fizeram com as mulheres de forma tão nociva ao longo da história. Destruir o que é diferente para mostrar força é a maior prova de fragilidade. 

Precisamos trazer os homens para o nosso lado, pois enquanto a luta pela igualdade de gênero for uma bandeira só das mulheres, a mudança será lenta. Não sei citar estatísticas e talvez eu esteja chovendo no molhado ao bradar aqui algo que vocês estão fartas de saber, mas o meu termômetro, além do que observo no dia-a-dia, é a Marcha das Vadias que rolou neste domingo, 27, aqui em Porto Alegre, onde moro. Fui para o Parque da Redenção enrolada na bandeira do arco-íris e de câmera fotográfica em punho e não apenas acompanhei a marcha e seus hinos, como circulei bastante em busca de boas fotos e, assim, constatei o baixíssimo quórum masculino. Pelo jeito, quem se importa com a nossa liberdade ainda somos nós mesmas. 

Vadias em marcha! (foto: Nanni Rios)

Fiquei me perguntando: onde estão os companheiros daquelas mulheres e por que eles não estavam lá com elas? Ou, no caso das mulheres que não têm companheiro, onde estão os pais, os tios, os primos, os amigos, os professores, os chefes e os colegas de trabalho?

Se por um lado, fico triste com a constatação, por outro compartilho com vocês os registros do exíguo, porém atuante público masculino que passou pela Marcha das Vadias neste domingo. Com um pouco de otimismo, olho pra estas fotos e penso que os nossos homens já não são mais os mesmos e que basta um empurrãozinho na consciência para tirá-los da inércia do machismo enraizado e mostrar que eles são peça fundamental nesta mudança social. Homens feministas por um mundo mais justo e igualitário, que tal?


"Ser feminista não me faz menos homem" na Marcha das Vadias de Porto Alegre (foto: Nanni Rios)

"Sendo puta, sendo santa, só como se ELA quiser" (foto: Nanni Rios)

"Se eu posso, elas também podem" (foto: Nanni Rios)

Por que para um homem parecer uma mulher é degradante?" (foto: Nanni Rios)

2 comentários:

  1. E voces iriam deixar? prováveis estupradores no meio de vocês?

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  2. Amei o artigo, So homem, queria participar, mas na minha cidade os grupos não permitem :c

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