por Tággidi Ribeiro
HISTÓRIA é o nome do dia de hoje. Em muitas das mais importantes capitais do país, incríveis ajuntamentos de gente querendo, clamando por um país diferente. A grande mídia dará ênfase à (pouca) violência proveniente da raiva justificada de alguns grupos. A pergunta não é: por que agem dessa forma? A pergunta honesta seria certamente: como, diante de um cotidiano tão pesado, não agem? Ou: por que, diante de tantas violências cotidianas, agiriam de forma pacífica?
Manifestantes reunidos no Largo da Batata. |
Apesar de motivos mais que suficientes para revidar a violência cotidiana sofrida, o que se ouvia em São Paulo muito apropriadamente eram os gritos de "Que coincidência! Não tem polícia, não tem violência!", atestando a pacificidade da manifestação, das reivindicações, dos afetos. Assim como no Ato Contra o Estatuto do Nascituro, do qual também participei, no sábado, na Sé.
Contra o Estatuto do Nascituro. |
Não será pernicioso lembrar, contudo, que enquanto imprensa e governo nos cobram 'paz', é justamente essa que nos é negada. Eu vi, na quinta 13/06, manifestantes gritarem inocentes "Sem violência!" e receberem em resposta bombas e balas de borracha. Sem que nada de mal tivessem feito as mulheres à humanidade, há a possibilidade de que um estuprador conste como pai na certidão de nascimento de uma criança fruto de estupro. Há igual possibilidade de que a soma de dois gametas, ainda fora do útero feminino, tenham tanto ou mais direitos que uma mulher consciente, humana.
Eu que sou palhaço... |
Nosso problema não são os impostos: disso já sabemos. Nossos problemas são a corrupção e a má administração, coisas diferentes, mas bem parecidas, desde que estamos no Brasil. Nossos problemas também são criar uma cultura diferente da do 'jeitinho' e da 'malandragem' e instaurar um coletivo.
É nesse lugar, o do coletivo, que as manifestações de hoje se inserem. O aumento das passagens é coletivo, o trânsito de má qualidade é coletivo, o engarrafamento é coletivo. Coletivos são também os desejos de 'democracia de verdade' e de 'mudar o país'. E, embora 'a ficha ainda não tenha caído', o Estatuto do Nascituro é coletivo.
Não sabemos ainda o que resultará dessa avalanche de protestos. Sei que é muito bom ver e estar com o povo na rua, sentir a energia e a felicidade de cada um, mesmo depois de andar horas. É muito bom saber que nos reunimos por algo legítimo e que não há sombra de fascismo ali.
Eu, particularmente, espero que esses dias nos apresentem novas lideranças, gentes em que possamos votar nas próximas eleições - gente sem preconceito de raça, cor e sexo e que esteja realmente comprometida com o fim de todas as misérias (em todos os sentidos) desse país. Gente que talvez tenha estado no Congresso hoje - parabéns, Brasília! Gente que esteve em São Paulo, no Rio, em BH, em Vitória, Maceió, Curitiba, Porto Alegre, Belém...
Precisamos urgentemente de novos políticos nesse país, muito dispostos a lutar por novas (nossas) causas.
Manifestante no teto do Congresso, em Brasília. |
18 de junho de 2013
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Tággidi
Ótimo texto sobre o assunto do momento. E ótimo exatamente por que não pensa apenas no assunto como um "assunto do momento"!
ResponderExcluirConcordo com a Thais, adorei! Há muito não havia justificativa para a passividade coletiva ante os abusos, a reação é o movimento normal e esperado, parece um sonho, e está se alastrando para o interior. A mídia governista vem tentando reprimir o cidadão conservador, mas incrivelmente parece trabalhar em vão. Tomara que não seja um sonho!
ResponderExcluirObrigada, meninas! A meta inicial foi alcançada: reduziram o preço da passagem. Temos que comemorar!
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