por Tággidi Ribeiro
O vídeo abaixo traz as falas da neurocientista Suzana Herculano-Houzel sobre as diferenças entre os cérebros de homens e mulheres cis e heterossexuais, principalmente. Esse vídeo é muito interessante por diversas questões, mas sobretudo, a meu ver, por trazer uma mini-história do discurso desenvolvido sobre esse tema. A neurocientista nem imagina que as pesquisas às quais se refere dão suporte científico ao que o feminismo vem afirmando desde quando não existia feminismo e erra feio ao supor que feminismo é o contrário de machismo - tudo bem, gostamos dela mesmo assim. Atenção: assista ao vídeo antes de continuar a ler o post.
E aí, gostaram? Olha, eu perguntaria à Suzana se a capacidade masculina de responder a estímulos sexuais implica maior desejo e/ou intensidade sexual. Perguntaria se essa capacidade determinaria a cultura ou seria culturalmente determinada. Perguntaria como foram realizadas as pesquisas de que ela fala - quantos homens e quantas mulheres, de que idade, classe social, nacionalidade; que tarefas essas pessoas executaram ou exatamente a que estímulos foram expostas. Quer dizer, eu pediria a referência d@s teses/estudos, né? Ou uma cópia - rs. Também perguntaria se seria possível afirmar que os dados obtidos valem universalmente e atemporalmente considerando, claro, a idade de nossa espécie. Louca ou burra ao questionar isso? (Questão interna ainda sem resposta). Por fim perguntaria, desde que se considera a condição homossexual uma condição natural, definida na gestação e de conhecida localização no cérebro, se seria possível extirpar a homossexualidade - essa pergunta é detestável, é dolorida e é melhor pensarmos sobre ela e sobre as implicações das respostas antes que os grupos de ódio o façam.
Termino reafirmando o compromisso do feminismo com a igualdade e fazendo coro ao que a Suzana (e outras tantas mulheres que não se consideram feministas) expõe: são as expectativas depositadas sobre nós que terminam por nos definir a todos, homens e mulheres cis e trans. Podemos todos ser racionais ou irracionais, sensíveis, irascíveis, criativos e, ainda, gostar de rosa e/ou azul. Podemos ser matemáticos, empresários, artistas, políticos ou cientistas. E, mesmo que não pudéssemos, mesmo que houvesse diferenças profundas entre gêneros, raças e culturas, ainda assim caberia apenas um comportamento ético: o do respeito, da compreensão, do esforço no sentido da convivência pacífica justa e da promoção da igualdade.
2 de abril de 2013
Categorias
feminilidade,
homens,
masculinidade,
mulheres,
Tággidi
Nenhum comentário:
Postar um comentário