por Tággidi Ribeiro
Nunca é tarde para desistir de um casamento infeliz |
Isso é da época em que o casamento era indissolúvel, do 'o que deus uniu o homem não separa', de mulheres que ousassem separar-se do marido serem consideradas putas e virarem párias sociais. Hoje em dia, a coisa é um pouco diferente: tanto o homem quanto a mulher podem pôr fim a um casamento infeliz e mulheres separadas são bem menos estigmatizadas. Ainda assim, casais arrastam relações perniciosas por anos até decidirem-se pela separação.
A questão é que a mentalidade - e as leis - mudaram há pouco tempo. Daí termos um contingente cada vez maior de homens e mulheres divorciados somente depois de vinte ou trinta anos de casamento. Como a protagonista da história que vou contar agora, de desfecho tão diferente dessas que todos nós conhecemos.
Ela é uma mulher de fibra, lutadora, trabalhadora e batalhadora desde sempre mas, como costuma acontecer, uniu-se a um homem que, além de não reconhecer suas qualidades, a rebaixava. Era, além disso, perdulário, adúltero e tirano: gastava as economias da família, assediava amigas e parentes da mulher, fechava negócios sem consultá-la, usando o dinheiro dela. Quando ela relembra esses fatos, diz que poderia possuir patrimônio três ou quatro vezes maior do que o que tem hoje, construído na labuta diária e na administração sensata dos ganhos.
Ela ficou com esse homem durante 37 anos e é tanto tempo, é tanta vida que a maioria de nós pensaria ser impossível ou inútil tentar se desligar de todo esse passado. Mas ela enfrentou toda a sua história e resolveu separar-se do marido. O filho já estava criado e tinha escolhido seu caminho. Mulheres separadas já não eram mais mal vistas como quando se casou. Ela era financeiramente independente. Não havia motivo algum para manter a relação sofrida e conflituosa.
Ela começou tudo de novo - aos quase 60 anos: solteira, morando sozinha. Trabalhando sempre, viu que tinha tempo para si. Começou a dançar. Tomou gosto. Conheceu a paquera. Começou a namorar. E pela primeira vez, em toda sua vida, sentiu prazer no sexo. Sentiu tesão de verdade. O marido dizia que ela era 'ruim de cama' e justificava dessa forma a traição. Ela descobriu que ele é que não era lá muito bom.
Nem tudo foram flores: ela viveu outra relação abusiva mas da qual, gato escaldado, logo se libertou. E assim vai, libertando-se, e é assim que eu a vejo, como um grande exemplo para todas as mulheres (e homens também) de liberdade, de renovação, de força, de que a felicidade é possível agora, a qualquer momento.
Ela hoje namora, está apaixonada, é sexualmente realizada, mas não quer casar. Ela gosta de viajar - tomou gosto pela Europa, por Paris, que conheceu depois dos 60 anos. Ela trabalha. Ela é uma mulher bonita, vaidosa sem exageros, ativa e inteligente. Orgulha-se de seu filho e ele dela. A vida vale - mais - a pena.
ps: pra quem acha que a vida da mulher acaba depois dos trinta anos.
ps2: para as mulheres que perderam a autoestima em casamentos infelizes, sendo continuamente inferiorizadas por seus maridos - essa é uma história real.
A questão é que a mentalidade - e as leis - mudaram há pouco tempo. Daí termos um contingente cada vez maior de homens e mulheres divorciados somente depois de vinte ou trinta anos de casamento. Como a protagonista da história que vou contar agora, de desfecho tão diferente dessas que todos nós conhecemos.
Nunca é tarde para sair de uma relação abusiva |
Ela é uma mulher de fibra, lutadora, trabalhadora e batalhadora desde sempre mas, como costuma acontecer, uniu-se a um homem que, além de não reconhecer suas qualidades, a rebaixava. Era, além disso, perdulário, adúltero e tirano: gastava as economias da família, assediava amigas e parentes da mulher, fechava negócios sem consultá-la, usando o dinheiro dela. Quando ela relembra esses fatos, diz que poderia possuir patrimônio três ou quatro vezes maior do que o que tem hoje, construído na labuta diária e na administração sensata dos ganhos.
Ela ficou com esse homem durante 37 anos e é tanto tempo, é tanta vida que a maioria de nós pensaria ser impossível ou inútil tentar se desligar de todo esse passado. Mas ela enfrentou toda a sua história e resolveu separar-se do marido. O filho já estava criado e tinha escolhido seu caminho. Mulheres separadas já não eram mais mal vistas como quando se casou. Ela era financeiramente independente. Não havia motivo algum para manter a relação sofrida e conflituosa.
Nunca é tarde para descobrir o amor e o prazer do sexo |
Nem tudo foram flores: ela viveu outra relação abusiva mas da qual, gato escaldado, logo se libertou. E assim vai, libertando-se, e é assim que eu a vejo, como um grande exemplo para todas as mulheres (e homens também) de liberdade, de renovação, de força, de que a felicidade é possível agora, a qualquer momento.
Ela hoje namora, está apaixonada, é sexualmente realizada, mas não quer casar. Ela gosta de viajar - tomou gosto pela Europa, por Paris, que conheceu depois dos 60 anos. Ela trabalha. Ela é uma mulher bonita, vaidosa sem exageros, ativa e inteligente. Orgulha-se de seu filho e ele dela. A vida vale - mais - a pena.
Sim, nós podemos! |
ps2: para as mulheres que perderam a autoestima em casamentos infelizes, sendo continuamente inferiorizadas por seus maridos - essa é uma história real.
25 de janeiro de 2013
Categorias
sexualidade,
Tággidi,
velhice
Perfeito o post! Conseguiu retratar bem o que foi a história desta mulher, que é a minha mãe, mas que pode ser a história de tantas mulheres deste mundo.
ResponderExcluirAh! Adoro uma história com final feliz!
ResponderExcluirAdorei! O pior é que muita gente acha mesmo que a vida acaba aos 30 anos...
ResponderExcluirNo primeiro ano de faculdade, sempre via uma senhora muito velhinha andar pra lá e pra cá, com seus cadernos, bolsas e sua bengala. Não tinhamos nenhuma aula juntas, eu só a conhecia de vista. Ela devia ter mais de 80 anos, e sempre ia pras aulas; entrava no banheiro para pentear o cabelo, arrumava os cadernos na bolsa e saía, sempre muito concentrada pra não chegar atrasada.
ResponderExcluirToda vez que eu olhava pra ela, cochichava pra minha amiga: "Nós seremos exatamente assim".
Porque, como eu sempre digo, o que mais mata pessoas "velhas" é a aposentadoria. Não exatamente do trabalho, mas da vida em si.
E eu não quero me aposentar nunca da minha vida.
E a minha história é maravilhosa!!!! Aos 60 anos reencontrei um pessoa que estava separado há 8 anos de uma prima minha (ele tem 59 anos) e, apesar de nos conhecermos há algum tempo, (coisas do destino!), nos aproximamos!!!!...e, qual não foi minha surpresa, que nos envolvemos, somos felizes, nos damos excelentemente na cama, estamos há um ano juntos (porém morando cada um em sua casa), nos respeitamos e, eu que fiquei 25 anos sem sexo, sem namorar, de repente a vida me dá de presente esse relacionamento...até agora, penso se não estou sonhando...
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